Disciplina - Geografia

Africanidades

Autora: Claudia F. dos Santos
Coautora: Eliane Cristina Seviero
Instituição: Colégio Estadual Professor Francisco Zardo
Município: Curitiba - PR
Série: Ensino Médio

Semana Nacional da Consciência Negra

“Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não no corpo, a sombra do indígena ou do negro...” (Gilberto Freyre, Casa Grande e Senzala)

No dia 20 de dezembro as escolas do Estado do Paraná comemoraram o Dia da Consciência Negra, data que relembra a morte do líder da resistência Negra no Brasil, e nos desperta para a importância do negro na construção histórica social, econômica e cultural de nosso país.

Em Curitiba a data também não passou despercebida, várias escolas desenvolveram atividades em comemoração à data tão expressiva e ao mesmo tempo tão esquecida pela sociedade que não percebe a importância do negro na história do país. Diante de tantas comemorações, o Colégio Estadual Professor Francisco Zardo, de Santa Felicidade, também preparou uma megafestividade, que envolveu a participação de alunos, professores, funcionários e comunidade.

Com o apoio e a participação de professores, alunos, equipe pedagógica e funcionários do período noturno, a escola deu início à celebração do Dia da Consciência Negra, num projeto que durante a semana foi destinado a esta festividade (finalizamos as propostas que se desenvolveram durante o semestre de forma interdisciplinar) como o estudo do Apartheid, inclusão social, atual situação deste continente; geopoliticamente, características culturais (como a influência das danças, jogos, representações religiosas, comidas), costumes, preconceitos, línguas e dialetos.

Em nosso projeto descobrimos talentos, tesouros valiosos, habilidades surpreendentes entre os nossos alunos e professores como, por exemplo, alunos no manejo da cozinha. O Aluno Arthur (estudante do Senac-Pr),  do 3º H, Chef de cozinha, que montou uma equipe eficiente (alegre, comprometida e supervisionada pelos nossos queridos professores – Soraia, Nilzete, Stela, Vladimir, Claudia) elaborando, preparando e servindo uma feijoada, prato que está diretamente ligado à presença do negro em terras brasileiras, resultando da fusão de costumes alimentares europeus e da criatividade do escravo africano que veio trabalhar nas lavouras de Cana de açúcar, exploração de minérios e lavoura cafeeira.

No Colégio Estadual Franscisco Zardo, a festividade iniciou-se com a conscientização durante o início do semestre envolvendo, de maneira interdisciplinar, os alunos e professores das mais diversas áreas. Uma feijoada, prato originalmente português e adaptado à necessidade e aos ingredientes disponibilizados aos negros que viviam nas senzalas, preparada e servida pelos alunos. A festividade seguiu com a encenação da lavagem do Senhor do Bonfim, ritual de caráter afroreligioso, realizado na Bahia, que na quinta-feira antecede a festa do Bonfim. Os alunos, vestidos a caráter, dançando, lavaram com água de cheiro a escadaria da escola, distribuíram fitinhas coloridas para os pedidos, que foram amarradas e apresentadas ao Senhor do Bonfim. Além deste, houve apresentação de várias danças de origem africana, confeccionaram artesanato próprio da cultura afro, além de apresentarem painéis que enalteceram a cultura africana no país.

A capoeira foi um sucesso e mais talentos foram descobertos em nosso meio estudantil e docente, sob a Iniciativa da Prof. Ana Lúcia Bartapelli,  os alunos foram convidados e estimulados a realizar estudos sobre “A CAPOEIRA - a Capoeira e a sua dimensão Sociocultural” - Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta. Os professores argumentam que a Capoeira, que é considerada uma mistura de dança com arte marcial, tem aproximado pessoas de todas as raças para a prática. No entanto, no início do século XIV, a expressão artística era considerada crime. No Rio de Janeiro, os escravos que fossem pegos praticando capoeira recebiam trezentas chibatadas.

Então nossos talentos foram aparecendo. O aluno Fábio, já mestre em capoeira – estudante do curso técnico em Informática, juntamente com os alunos Ingrid, Botega, Lucas, Letícia - 1º EM; Marcos - 3ºG; Alex, Djanira, Jéssica, Bárbara, Rodrigo, Maiquel – 3ºH; prof. Ana, Fernanda e alunos dos cursos técnicos e outras turmas juntaram-se e fizeram uma singela roda de capoeira. Quando nos demos por conta, muitos de nossos jovens estavam ali apreciando e aprendendo a arte da Capoeira com o mestre Fabio.

Tivemos também um curta-metragem, organizado pelos alunos do 2ºMa- técnico em meio ambiente – Wanderley, Gerson, Carlos, Pedro, Brendha, Kassiane, sob a supervisão da professora da disciplina de informática.

Hoje, o ensino da cultura Afro no nosso Colégio saiu do Papel (Aplicação da Lei Federal 10639/03 para o Ensino da História e Cultura Afrobrasileira e Africana) e nós, os professores de todas as disciplinas, alunos, equipe pedagógica que sempre nos apoia, coordenação de cursos, funcionários de diversos setores do Colégio e direção, como uma grande nação Zumbi, nos reunimos em um ato que simbolizou a luta contra o preconceito, a discriminação, a intolerância religiosa e a inclusão social do negro na nossa sociedade, oportunizando à nossa comunidade escolar ser multiplicadores de ideias e ações relativas à etnia, diminuindo a desigualdade social, racial.

Professores organizadores (período noturno)

Ana Lúcia Theriba Bartapelli (Artes)
Claudia Felisbino do Santos (Geografia e área técnica ambiental)
Eliane Cristina Seviero (Sociologia e Filosofia)
Josiane Gomes Soares (Informática)
Nilzete Liberato Oliveira (História)
Soraia Marques Fuchs (Química)
Vagna Ap. Da Silva Munhão (Biologia e área técnica ambiental )

Participação especial: Todos os professores e funcionários do período noturno.


Redação: Prof. Eliane Cristina Seviero e Claudia F. dos Santos.


africanidade - relato de experiência
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