Disciplina - Geografia

Geografia

16/04/2015

Incêndio em área industrial de Santos, SP

Impactos ambientais causados pelo incêndio podem durar cinco anos


Por Fernanda Haddad

Além dos peixes, também aves, animais herbívoros, tecidos de árvores e toda a cadeia alimentar da qual fazem parte esses seres devem ser vítimas da contaminação resultante do incêndio na Ultracargo, na Alemoa, em Santos.

A previsão é do zoólogo e especialista em manguezais e estuários Marcelo Pinheiro, que é professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) – Campus São Vicente. Os impactos ambientais desse desastre podem perdurar por, no mínimo, mais cinco anos, diz ele.

Foram oito dias consecutivos de fogo nos tanques da empresa, localizada na Alemoa, em Santos. Trata-se do maior incidente do gênero já registrado no País, conforme afirmou o comandante do Corpo de Bombeiros, Marco Aurélio Pinto.

Segundo a Companhia Ambiental do Estado (Cetesb), parte da água utilizada no combate ao incêndio, retirada do estuário, retornou ao canal com resíduos de combustível (gasolina e etanol). “Foi justamente essa água que causou a morte dos peixes”, aponta a estatal.

A companhia também afirma que laudos preliminares da análise da água do estuário apontaram como causa da morte dos animais o baixo nível de oxigênio e a temperatura elevada da água – aproximadamente 27 graus.

"Os reflexos ambientais desse incêndio são incalculáveis”, afirma Pinheiro. Segundo ele, a morte expressiva de peixes é o primeiro impacto do desastre. “Outros animais também devem ser contaminados, em função da alimentação dos peixes contaminados, como garças e outras aves”.

A água contaminada pode também atingir o tecido das árvores e, consequentemente, os animais herbívoros que comem folhas, galhos e até casca de árvores, explica o zoólogo. “Toda a cadeia trófica (alimentar) em contato com essa água deve ser contaminada”.

Após exames
O impacto só poderá realmente ser calculado quando se identificarem quais produtos químicos contaminantes entraram em contato com a água. A Cetesb realiza exames nas vísceras dos peixes contaminados recolhidos em cinco pontos: próximo à travessia de barcas entre Santos e Vicente de Carvalho; em frente ao terminal Ecoporto; perto do local de escoamento da água de incêndio, na Alemoa; em frente ao Píer da Transpetro; e próximo à Vila dos Pescadores (Cubatão).

“Esses exames apontarão se houve alguma outra contaminação”, menciona a estatal. Estão sendo analisadas amostras de paratis, tilápias, carás, linguados e camarões. Ainda não há previsão de quando os laudos laboratoriais estarão concluídos, segundo a Cetesb.
Esta notícia foi publicada no site www.atribuna.com.br em 14/04/2015. Todas as informações contidas são de responsabilidade do autor.
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