Disciplina - Geografia

Geografia

11/06/2015

David Harvey no Brasil

No Brasil, David Harvey afirma que desigualdade é motor de segregação urbana


Por Rocío Maestre

São Paulo, 9 jun (EFE) - O geógrafo britânico David Harvey, um dos acadêmicos mais citados e reconhecidos por seus estudos em antropologia, afirmou nesta terça-feira no Brasil que a desigualdade é o "motor" da segregação na urbanização em massa dos últimos 30 anos no mundo.

"O bem-estar da população e a qualidade de vida não estão sendo cuidados em nenhum lugar do mundo pelos processos de urbanização em massa que acontecem há 30 anos, sendo a desigualdade o maior motor da segregação urbana" ressaltou o britânico durante um seminário realizado em São Paulo.

Harvey foi o principal convidado estrangeiro do Seminário Internacional 'Cidades Rebeldes' que debaterá até 12 de junho a transformação das cidades em benefício de seus habitantes.

Entre os mais de 40 conferencistas estão o economista Marcio Pochmann e o deputado federal Jean Wyllys, ativista em defesa dos direitos dos homossexuais.

O britânico fez referência às novas prefeituras progressistas na Espanha. "Estão surgindo novos grupos políticos em busca de modos de decisão mais democráticos, o que faz supor que exista uma vontade política de mudar e um direito à cidade"

Sobre esse "direito à cidade", os participantes da abertura do encontro destacaram a necessidade de uma metrópole alternativa com inclusão, oportunidades, desenvolvimento e solidariedade, onde seja possível a discussão com a população em vez de exclusão, violência, exploração e segregação.

De outro lado, Harvey comparou o valor de uso das casas e o preço de mercado delas afirmando que muitos dos investimentos nas cidades têm como objetivo satisfazer o luxo, mas depois ninguém é capaz de viver nessas residências por causa do custo elevado.

"Está se destruindo o conceito cidade como espaço em que seus habitantes convivem, devido ao desenvolvimento insustentável, efeitos do neoliberalismo, urbanização militarizada, especulação imobiliária, falta de mobilidade e de liberdade embalados como um mero conceito político", apontou.

Para o geógrafo, "tudo é submetido a um cálculo monetário no qual nós não importamos, mas o dinheiro sim, e isso é o centro de um processo de urbanização que está sendo impulsionado pelo poder do valor monetário".

Ele fez referência ao crescimento maciço das cidades nas próximas quatro décadas, que criarão paisagens totalmente urbanizadas e questionou. "Como serão nossas cidades daqui a 40 anos neste ritmo, alguém consegue imaginar?".

Paralelamente ao seminário, São Paulo recebeu entre ontem e hoje o segundo Colóquio Sul-americano sobre Cidades Metropolitanas, com o tema "Desenvolvimento urbano e desigualdades sócio-espaciais", que reuniu governantes municipais da América do Sul e do México para construir uma agenda conjunta para os desafios comuns das grandes cidades.

Esta notícia foi publicada em 09/06/15 no site noticias.uol.com.br. Todas as informações são de responsabilidade do autor.
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